domingo, 18 de abril de 2010

Algodão Doce


Algodão Doce
(Patricia Montenegro)

Lembro-me com saudade de quando eu era uma menina de mais ou menos 5 anos. Cheia de sonhos e fantasias.Em frente a minha escola tinha um vendedor de Algodão Doce. Todos os dias ele estava lá com seu carrinho mágico. Um senhor de cabelos brancos, como o algodão que fazia, e sorriso largo.Mas não era o Algodão Doce de hoje em dia, que vem em sacos plásticos, repletos de corantes e todo grudado. Não! Era um Algodão Doce solto, leve, suave e braquinho como nuvens, que surgia em questão de minutos de uma grande panela e era enrolado em palitinhos de madeira.Mas, eu apenas olhava, fascinada, o carrinho do Sr. Fazedor de nuvens. Por mais que minha mãe insistisse, eu não queria provar aquela nuvem encantada. Eu não queria quebrar aquele encanto que surgia diariamente diante de meus olhos.Muitas crianças saiam sorridentes com seu palitinho gigantesco de Algodão Doce. Mas olhar já era suficiente. E imaginar como era possível alguém fazer algo tão belo. E assim foi durante quase um ano. Todos os dias a saída de escola eu ficava lá por alguns instantes olhando a magia do criador de nuvens tão brancas e suaves.Mas eu era uma criança e tinha vontade de provar que gosto teria algo tão belo. Então um dia resolvi que eu provaria. Perderia o meu medo de quebrar o encanto e finalmente saberia o seu gosto.Eu estava ansiosa fará o termino da aula e quando o sinal tocou indicando o seu termino corri em direção a minha mãe e disse: Mãe! Hoje eu quero provar o Algodão Doce!E lá fui eu...com olhinhos ansiosos esperar o 'meu Algodão!'!O senhor de cabelos brancos sorriu para mim e disse: muito bem minha menina, farei um bem grande e especial para você! Em questão de minutos ele enrolava suaves, brancos e leves feixes de algodão.Finalmente provei. Um sorriso de satisfação surgiu em meus lábios. Como era doce! Gostoso! Como adoçava o coração.Compreendi então que ali naquele Algodão Doce, na minha nuvem, estavam contidos todos os sentimentos necessários para a vida. A doçura. O amor. O carinho. A alegria e a felicidade. Era o gosto da inocência e dos sonhos. Não dos sonhos destruídos mas sim a possibilidade de construir sonhos. E doces momentos em nossas vidas.Nunca poderei esquecer aquele Sr. Fazedor de nuvens...de sonhos..de Algodão Doce!Acho que para sempre aquele Algodão adoçou não somente a minha boca mas também a minha alma e coração.

22-09-03 - 18.46 horas

A ROSA
(Patricia Montengro)

Essa é a estória de uma jovem romântica, sensível e que possui muito amor em seu coração para distribuir a todos aquele a quem ela quer bem. Ela é transparente e dona de uma sinceridade que muitas vezes lembra a inocência de uma criança que ainda acredita em príncipes encantados.
Pois bem, essa jovem tinha dado seu coração ao seu ‘príncipe’e por ele tinha um grande amor. Ele por sua vez gostava da jovem mas de uma maneira menos romântica e sensível. Esse ‘príncipe’ era pratico e objetivo e esquecia de olhar as coisas belas que a vida oferecia. Ele esquecia que a vida é feita de pequenas gentilezas que se transformam em grandes gestos.
Um dia essa jovem estava em um restaurante com seu ‘príncipe’ era uma noite agradável e a conversa fluía com tranqüilidade. A porta do restaurante se abriu e por ela entrou um rapaz humilde que trazia em suas mãos um cesto com lindas rosas vermelhas que ele ofertava aos cavalheiros, em troca de algum trocado, para que esses oferecessem as suas damas.
Os olhos da jovem brilharam. Pois as rosas eram lindas e ela sempre foi uma apaixonada pelas flores e seus mistérios. Quanta sutileza existe em uma rosa e seu frescor. Ela pensou: quero uma rosa dessas, mas se calou a espera de um gesto gentil de seu príncipe.

Ao chegar a mesa onde estava a jovem e seu ‘príncipe’ o rapaz parou e estendeu uma rosa que foi imediatamente recusada. Ele disse de forma ríspida: não queremos rosas! Ele então se afastou e continuou a oferecer suas rosas em outras mesas onde todos os cavalheiros as aceitavam e as ofertavam as suas damas.
Para a jovem aquilo foi uma facada em seu coração tão romântico. Como podia aquele que ela achava ser o seu príncipe sequer perguntar se ela gostaria de uma rosa? Como podia ser tão duro e sem sentimentos? Como podia ser uma pessoa tão fria?
Todas as jovens e senhoras saíram daquele restaurante sorridentes e com uma rosa nas mãos. Mas não a jovem sonhadora e romântica. Ela saiu de mãos vazias e com o coração cheio de magoas com aquele que ela pensava ser o seu ‘príncipe’.
Nesse dia a jovem teve a certeza que aquele homem diante dela não era, não foi e jamais seria o seu ‘príncipe’, o seu cavalheiro romântico.
A jovem viu que aquele homem não tinha o amor e a gentileza em seu coração. Viu que não era o seu cavalheiro. Viu que não era como ela. Mas sim, um homem muito prático e sem nenhuma afinidade ou cumplicidade com ela.

A jovem não falou nada a ele pois de nada adiantaria pois ele nunca percebeu o quanto ele feriu a jovem naquela noite. Para ele tudo estava normal como sempre.
Ao deixar a jovem em casa novamente se despediu como sempre. Mas a jovem o chamou e disse que o amor tinha acabado, que já não existia mais romance entre eles e que era melhor que a partir daquele momento cada um seguisse o seu caminho e procurasse os seus objetivos.
Ele naturalmente nada compreendeu e perguntou o que havia acontecido pois estava tudo perfeito. A jovem respondeu apenas que eles eram muito diferentes. Que não havia a cumplicidade do olhar, das palavras e dos gestos entre eles. Que ela tinha acordado de um sonho que parecia bom mas que na realidade não era. Pois a verdade é que ele nunca completou a jovem totalmente. Eles nunca foram íntimos de verdade. Faltavam os temperos de uma relação: Amizade, gentileza, intimidade, cumplicidade, afinidade e doação. Resumindo faltava o amor.
O ex- príncipe até hoje não compreendeu como a jovem pôde deixa-lo daquela forma.
A jovem ficou sentida mas ao mesmo tempo sentiu uma enorme sensação de liberdade para viver uma vida na qual ela acredita. Com valores que ela acha importantes e procura pra si.
A jovem ainda está procurando o seu cavalheiro e sabe que um dia ele vai chegar e quem sabe com uma rosa nas mãos.
A rosa transmite tanto amor que foi capaz de mostrar a jovem onde esse amor não existia. A jovem não ganhou a sua desejada rosa vermelha mas ganhou algo mais importante a liberdade e a esperança de viver momentos felizes e compartilhados com alguém que tenha os mesmos valores de vida que ela.
A jovem ainda está esperando a sua rosa...e ela vai chegar..

Rj, 18-10-02-17.00 horas


Cri Cri


Cri Cri
[Patricia Montenegro]

Há alguns anos atrás nasceu um pequeno pássaro. Mas esse pássaro era diferente dos outros. Ele não tinha uma cor definida. Elas variavam de acordo com os sentimentos contidos em seu coração. O seu canto também não era tão belo, era diferente. E suas asas eram grandes e fortes. Ele gostava de voar alto, sonhando em conquistar novos mundos e amigos. Eternamente em busca do amor e da amizade. Mas era um pássaro solitário.Talvez por ser um pássaro que gostasse sempre de estar perto das pessoas insistindo em ser querido e amado tornava-se insistente demais e não era bem compreendido. Foi então batizado de Cri Cri.Mas Cri Cri não se importava em ser chamado assim. Ele queria apenas fazer amigos, levar alegria e ser feliz.Cri Cri não podia ver ninguém triste que ao seu modo tentava alegrar. Era também um excelente ouvinte. Podia ouvir por horas a fio as estórias dos amigos. Fossem momentos felizes ou tristes. Ele queria apenas ajudar e oferecer conforto.Cri Cri ficava lindamente colorido ao ver um amigo feliz. Seu coração enchia-se de luz. Ele era assim. Feliz em ver o outro feliz.Onde ele pudesse deixar uma palavra de amor, deixava.Mas os olhos de Cri Cri revelavam uma tristeza grande. Uma solidão. Parecia que as pessoas não gostavam muito do seu modo de ser. Não compreendiam seus sentimentos.Mas tudo o que ele desejava era entrar em um coração. Onde se sentisse aconchegado, protegido, amado, acarinhado, aquecido e acima de tudo compreendido. Em seus vôos por belas matas, campos e jardins ele conheceu as mais belas flores. Banhou-se em rios, mares, lagos e cachoeiras. Resistiu a ventos e tempestades. A tudo ele enfrentava com coragem. Não temia o sol muito forte ou as tempestades e raios. A tudo resistia com coragem.Mas havia algo que Cri Cri não conseguia superar e que a cada dia machucava mais seu coração: A falta de amor e carinho. A ausência de amigos. De palavras e gestos amigos.O pássaro não compreendia por que recusavam o seu carinho e lhe diziam palavras muitas vezes ásperas. Não suportava a indiferença. Isso tudo foi machucando seu sensível coração e tirando a força se suas asas para voar. Enfraquecido e cansado Cri Cri decidiu recolher-se. Não queria mais perturbar aos amigos que tanto amava. Escondeu-se então entre as flores que tanto amava.Resolveu então presentear aos amigos com sua ausência. Alguém tinha lhe dito isso uma vez. Talvez ninguém tenha notado a sua ausência ou sentido a sua falta. Mas Cri Cri tem um coração muito sensível e será capaz de escutar se um amigo chamar e com certeza vai voltar e quem sabe em um coração entrar.Nessa vida devemos estar sempre atentos a nossa volta. Quem sabe você tem um pássaro Cri Cri ao seu lado e não percebeu. Se tiver saiba que tudo o que ele deseja é amar e ensinar à você amar. Ajudar você a encontrar a felicidade.Procurem sempre a felicidade dentro de vocês, escutem o seu pássaro Cri Cri.

Rio de Janeiro, 27-01-04 – 10.03 horas